O que é a Bolsa de Valores? Guia para começar a investir

Eva Blanco Garzón
10 Min leitura

A Bolsa de Valores é o ponto de encontro entre as empresas que precisam de financiamento e os investidores que procuram rentabilizar o seu capital. Quer o objetivo seja planear a reforma, diversificar os investimentos ou simplesmente compreender melhor o funcionamento do mercado de ações, conhecer a bolsa é um passo essencial.

Neste guia, explicamos o que é a Bolsa de Valores, como funciona para iniciantes, quais as oportunidades e riscos envolvidos e como começar a investir online de forma informada e consciente.

  • A primeira bolsa de valores do mundo foi fundada em 1602, em Amesterdão, para negociar ações da Companhia Holandesa das Índias Orientais — um marco histórico no desenvolvimento dos mercados financeiros.
  • Apesar do nome, as bolsas de valores não negociam apenas ações. Em muitas delas, também são compradas e vendidas obrigações, ETFs, matérias-primas e até derivados, como futuros e opções.
  • Atualmente, existem bolsas totalmente digitais, sem edifício físico, que permitem negociar ativos 100% online, acessíveis a investidores em qualquer parte do mundo.

Este material tem apenas fins informativos e não constitui aconselhamento financeiro. Consulte um profissional qualificado antes de tomar decisões de investimento.

O que é a Bolsa de Valores

A Bolsa de Valores é um mercado onde são negociados diversos instrumentos financeiros, como ações, fundos de investimento, moedas (Forex), obrigações e ETFs, entre outros. Tal como qualquer outro mercado, a Bolsa funciona segundo a lei da oferta e da procura, ou seja, os preços dos ativos variam conforme o interesse dos compradores e vendedores.

O termo “valores mobiliários” designa qualquer instrumento financeiro negociável nos mercados — como ações ou obrigações. Em termos simples, são contratos financeiros que conferem ao seu titular uma participação num ativo que pode ser comprado ou vendido.

Como Funciona a Bolsa de Valores

À medida que as economias mundiais evoluíram, surgiu uma ampla variedade de títulos financeiros negociados nos mercados. De forma geral, existem dois tipos de mercados: o mercado primário e o mercado secundário. Quanto aos tipos de valores mobiliários negociados, os mais comuns — e que despertam maior interesse, especialmente entre os investidores particulares — são os títulos de renda variável e os títulos de renda fixa.

Títulos de Rendimento Variável

Os títulos de rendimento variável são provavelmente os mais conhecidos e correspondem às ações de empresas que disponibilizam parte do seu capital no mercado — ou seja, são cotadas em bolsa, como as ações da Apple, Disney ou Tesla. Quando uma empresa pretende crescer, precisa de financiamento, podendo recorrer a empréstimos bancários, investidores privados ou aos mercados de capitais, emitindo ações ou outros títulos para captar recursos.

Ao comprar uma ação, o investidor adquire uma participação na propriedade da empresa. Esta pode distribuir parte dos seus lucros sob a forma de dividendos, embora tal não seja garantido.

Títulos de Rendimento Fixo

Um título de rendimento fixo é um investimento criado para pagar juros periodicamente até à data de vencimento, momento em que o capital investido é devolvido. Estes títulos representam dívida e são normalmente conhecidos como obrigações, estando o seu reembolso sujeito ao risco de crédito do emissor.

Quando uma empresa ou governo precisa de financiamento, pode pedir um empréstimo bancário ou emitir obrigações. Neste caso, os investidores compram as obrigações e emprestam dinheiro ao emissor, recebendo em troca o reembolso do capital e os juros acordados na data de vencimento.

Investir em títulos de dívida, como obrigações, é geralmente mais complexo do que investir em ações, e o mercado obrigacionista é dominado por investidores institucionais.

No entanto, é possível aceder a este tipo de investimento através de ETFs (Exchange Traded Funds), que permitem investir em carteiras diversificadas de ações ou obrigações.

Por exemplo, o iShares Core Global Aggregate Bond UCITS ETF replica um índice composto por obrigações globais, permitindo ao investidor participar neste mercado de forma simples e diversificada.

Títulos Hipotecários

Os títulos hipotecários são instrumentos de investimento garantidos por créditos de habitação. Quando um cliente contrai um crédito hipotecário, o banco pode vender esse crédito a um banco de investimento, obtendo liquidez para conceder novos empréstimos.

O banco de investimento agrupa vários créditos hipotecários e converte-os num título negociável garantido por hipotecas, que pode ser transacionado no mercado secundário entre instituições financeiras.

Este tipo de instrumento desempenhou um papel central na crise financeira de 2008 e continua a ser considerado de alto risco e bastante controverso.

Títulos Negociáveis

Os títulos negociáveis permitem às empresas obter liquidez rapidamente. É essencial que uma empresa disponha de reservas de caixa para aproveitar oportunidades imediatas, como aquisições estratégicas.

Em vez de manter o dinheiro parado, as empresas podem investir em títulos líquidos de curto prazo, geralmente com vencimento inferior a um ano, que podem ser convertidos em dinheiro rapidamente. Estes instrumentos incluem títulos de dívida, como obrigações corporativas, e títulos de rendimento variável, como ações.

Agora que já conhece os principais tipos de títulos financeiros, vamos ver como começar a investir na Bolsa de forma prática e informada.

Quem Participa na Bolsa de Valores

Quem são os principais intervenientes na bolsa de valores?

Os dois principais participantes de qualquer bolsa são os compradores e os vendedores, cuja presença ativa é fundamental para que os instrumentos financeiros sejam negociados de forma fluida e contínua todos os dias.

Compradores e Vendedores

Os compradores são os investidores que adquirem ações ou outros títulos nos mercados financeiros, com a expectativa de que, no futuro, possam vender esses ativos a um preço superior, obtendo assim um ganho de capital.

Da mesma forma, um vendedor é a pessoa ou entidade que decide vender ações ou títulos financeiros, antecipando que o preço desse ativo irá cair e pretendendo realizar lucros antes dessa desvalorização.

Por exemplo, se o preço de mercado de uma ação da Google for de 2.050 dólares, um investidor pode decidir vender se acreditar que o valor dessa ação irá descer.

Os participantes da bolsa de valores também podem ser classificados em dois grandes grupos, de acordo com o volume das suas transações:

Investidores Institucionais

Os investidores institucionais são os principais intervenientes nos mercados financeiros, representando a maior parte do volume negociado nas diversas categorias de ativos. Entre eles encontram-se seguradoras, gestoras de ativos, fundos de investimento, hedge funds, bancos de investimento e fundos de pensões.

Na bolsa de valores, são os investidores institucionais que ditam o sentimento do mercado, influenciando tanto as subidas como as quedas dos preços. O seu papel é, portanto, essencial para o bom funcionamento e liquidez dos mercados financeiros.

Investidores de Retalho

Os investidores de retalho são pessoas físicas que investem na bolsa com o objetivo de fazer crescer o seu património e rentabilizar parte das suas poupanças, geralmente com uma perspetiva de longo prazo.

Graças ao trading online, um número crescente de investidores de retalho tem acesso direto às bolsas de valores, podendo negociar ações, ETFs, índices e outros instrumentos financeiros a partir de plataformas digitais.

Principais Formas de Investir na Bolsa de Valores

Os investidores recorrem aos mercados financeiros para aplicar o seu dinheiro e tentar fazer crescer o capital. Na bolsa de valores, isso pode ser feito de várias formas, incluindo:

  1. Mais-valias de capital: o investidor compra uma ação esperando que o seu preço suba (embora possa também cair). Ao vender mais caro do que comprou, obtém o lucro correspondente à diferença entre o preço de compra e o preço de venda.
  2. Rendimento passivo: consiste em comprar ações que pagam dividendos regularmente. Estes dividendos representam uma remuneração periódica (geralmente trimestral) distribuída pela empresa aos acionistas. No entanto, as empresas podem reduzir ou suspender o pagamento de dividendos a qualquer momento.
  3. Combinação de ambos: alguns investidores procuram ações que paguem dividendos e valorizem no tempo, beneficiando simultaneamente de rendimento e potencial de valorização, embora esta estratégia envolva maior risco.
  4. Venda a descoberto: técnica que consiste em vender ações que o investidor não possui, apostando na queda do preço. Caso o ativo desvalorize, recompra-se mais barato e obtém-se lucro. Esta abordagem é avançada e não recomendada para iniciantes.
  5. Especulação com derivados: alguns traders utilizam derivados financeiros (como CFDs, futuros ou opções) para especular sobre a subida ou descida de um ativo num curto período, muitas vezes com efeito de alavancagem, o que aumenta tanto o potencial de lucro como o risco de perda.

Para começar a investir na bolsa, é fundamental definir uma estratégia de investimento adequada ao seu horizonte temporal e perfil de risco.

O investimento online tornou o processo mais acessível e prático, mas é importante compreender que quanto maior o risco assumido, maior pode ser o retorno — e também as perdas.

Antes de investir, estude bem o funcionamento da bolsa, aprenda a gerir risco e não invista dinheiro que não possa perder.

Simuladores da Bolsa para Praticar

Uma excelente forma de experimentar o mercado de ações é através de um simulador de bolsa online. Muitos corretores disponibilizam contas de demonstração que permitem negociar com capital fictício, mas em condições reais de mercado, com preços em tempo real.

Se está a dar os primeiros passos na bolsa e quer explorar este universo, um simulador de bolsa é ideal para a fase de aprendizagem. Mesmo investidores mais experientes podem utilizá-lo para testar estratégias e aperfeiçoar técnicas de trading, sem arriscar o seu próprio capital.

Importância da Diversificação

Seja um investidor iniciante ou um profissional experiente nos mercados financeiros, é impossível evitar totalmente as fases de queda da bolsa. O que pode ser evitado é o risco de exposição excessiva que resulta de uma carteira de investimentos pouco diversificada.

A diversificação é uma das principais estratégias de gestão de risco, pois ajuda a proteger o investimento global contra as oscilações inevitáveis de determinados ativos ou setores. Se investir todo o seu capital numa única ação, estará a apostar no sucesso de uma só empresa, ficando vulnerável a riscos específicos, como mudanças regulatórias, má gestão ou eventos negativos inesperados que podem comprometer o investimento total.

Para reduzir esse risco, os investidores distribuem o seu capital por diferentes ativos e mercados. Assim, perdas num setor podem ser compensadas por ganhos noutro, embora a diversificação não elimine o risco por completo.

Construir uma carteira diversificada exige tempo, paciência e investigação, mas há alternativas mais acessíveis, como os Exchange-Traded Funds (ETFs) — fundos cotados que reúnem vários ativos numa única estrutura, proporcionando diversificação automática e gestão simplificada.

Conclusão e Próximos Passos

Este artigo ajuda a compreender melhor o que é a Bolsa de Valores e como funciona a Bolsa online nos dias de hoje.

Perceber o funcionamento da bolsa pode ser complexo para iniciantes, por isso é fundamental estudar e preparar-se bem antes de começar a investir com o seu próprio dinheiro.

A forma mais segura de começar é através de uma conta de demonstração, que permite negociar em condições reais de mercado, mas com fundos virtuais, evitando qualquer risco para o seu capital.

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Perguntas Frequentes sobre a Bolsa de Valores

Qual é a principal função da Bolsa de Valores?

A principal função da Bolsa de Valores é ligar empresas que necessitam de financiamento a investidores dispostos a aplicar o seu capital. Além disso, é o local onde se formam os preços dos ativos, assegurando transparência e segurança nas transações.

 

De quanto dinheiro é preciso para começar a investir na Bolsa?

Atualmente, alguns corretores oferecem ações fracionadas, o que permite começar a investir com montantes muito baixos, a partir de 1 euro ou 1 dólar, tornando o mercado mais acessível a todos os perfis de investidores.

 

Quais são os riscos de investir na Bolsa?

Investir na Bolsa implica riscos como a volatilidade dos preços, perdas de capital e a influência de fatores externos na economia. Por isso, é essencial diversificar os investimentos e adotar estratégias de gestão de risco para proteger o seu portefólio.

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